Gosto muito de visitar a casa de um familiar meu. 

Além da saudável convivência familiar, encontro sempre um novo motivo para uma fotografia. 

Coisas simples, mas feitas com muito amor, muita dedicação, mas sempre simples.

Já coloquei neste espaço uma ou outra fotografia de pormenor lá da casa do meu familiar. Desta feita fica este conjunto que considerei estar de acordo com o "dizer" e a simplicidade da planta que parece querer ser fotografada, espreitando por cima do bordo do pequeno vaso adaptado.

As coisas, assim como as pessoas simples, são as que chamam a minha atenção.

Um excelente domingo.

Este é dos que estão na gaveta.
Se me perguntarem porque desenhei isto, não sei responder. Mas no fim gostei da curvatura da árvore que apoia parcialmente as costas da senhora que se sente triste e/ou pensativa.
Talvez o maior segredo da Arte, não destas coisas que coloco aqui, seja olhar e interpretar da forma que entendemos, muito dependente do estado de espírito que temos quando observamos atentamente uma obra.
Isto é um pouco como quem lê um livro por mais de uma vez. A conclusão que retiramos da mensagem do autor nunca é igual. Pelo menos para mim.

* Esboço de 1996, da minha autoria.

Houve uma fase da minha vida em que pensei desenhar.

Desenhar à mão, criar, sem estar “agarrado” ao desenho técnico que foi - durante uma grande parte da minha vida - a minha profissão.

Lá comecei a rabiscar - a estragar papel de desenho - e teimosamente ia passando para o papel aquilo que a minha mão direita ditava.

Nasceram alguns - confesso - que me agradaram, talvez porque estava ali a representação gráfica de um momento, não de uma “imaginação despropositada”, mas de um “impulso momentâneo”.

Tenho-os todos guardados mas deixo-vos este - datado de 1996 - a que dei o título - como parece ser facilmente entendível - de “Abraço”.

PS: Peço desculpa pela qualidade da foto, está de “banda como o Miranda”.

Nas coisas que os meus pais nos deixaram vamos encontrando peças que me fazem recordar os tempos em que eles estavam neste mundo. 

Esta última ceia, por exemplo, lembro-me de estar pendurada numa das paredes lá de casa.

Confesso que nunca liguei muito a este quadro, talvez porque só damos valor às coisas, e às recordações que elas nos trazem, após a partida dos nossos entes queridos e do espaço, outrora habitado, já não estar preenchido com as vozes, os olhares, os sorrisos, os choros dos que nos deram a vida.

Por tudo isto, recolhi, mais a minha irmã, algumas coisas e agora, só agora, é que ando a perceber qual a importância das mesmas no contexto familiar que existia.

Como exemplo, este quadro é uma reprodução do famoso quadro de Leonardo da Vinci, pintado por volta de 1494 - 1498 e encontra-se exposta, segundo a fonte que consultámos, "na parede da sala de almoço do antigo convento dominicano, ao lado da Igreja de Santa Maria delle Grazie."

Este, o dos meus pais, é uma reprodução que, segundo alguns sites, tem cerca de cinquenta anos. É feita em madeira e tem um brilho que não consegui reproduzir na fotografia, que também está torta. Coisas de fotógrafo amador, ou menos que isso.

O que importa, na realidade, é que a cada objeto encontrado vamos recordando. Pelo menos dos que me lembro, porque encontrámos alguns que não sabiamos que existiam e desconfiamos que são mais antigos que os meus pais. 

Podem ser coisas simples, sem valor algum, mas fazem parte da nossa história de vida. Daí serem mais importantes que, perdoem-me a imodéstia, os originais.

E assim, os meus pais continuam não só nos nossos corações, mas também nestas pequenas, grandes, coisas que vamos descobrindo.

Um dia, quando os reencontrar, vão tirar-me todas as dúvidas.

Fonte: 

https://www.milan-museum.com/br/ultima-ceia.php 

Agora a sério.

Vejam se o meu vizinho, ainda pequenino, não ter ar de simpático?

Eu acho que sim, apesar dele, pelos vistos, achar que não.

Deixa isso bem claro com a cara que me fez. Deve ter pensado, "de pequenino é que se torce o pepino", e pronto, ficamos assim.

O meu vizinho com aquela cara de poucos amigos e eu com o registo.

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